Caridade Doação Pessoal - Rubens de Araujo - 02/2024

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O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu Capitulo XV, apresenta um vasto campo de instruções a respeito da Caridade, onde passamos a compreender que a Caridade é uma escada de luz, o próximo é o degrau evolutivo que faculta a ascensão e o auxilio fraternal é ensejo iluminativo.

 Há Caridade em pensamentos, em palavras, em ações; não consiste apenas na esmola. Alguém é caridoso em pensamentos sendo indulgente para com as faltas do próximo; caridoso em palavras, nada dizendo que possa prejudicar a outrem; caridoso em ações quando assiste o próximo na medida de suas forças. O pobre, que partilha o pão com outro mais pobre que ele, é mais caridoso e tem mais mérito aos olhos de Deus do que aquele que dá do supérfluo, sem de nada se privar.

 O caminho traçado pela Caridade é claro, infalível e sem equívocos. Poder-se-ia defini-lo assim: “Sentimento de benevolência, de justiça e de indulgência para com o próximo, baseado no que quereríamos que o próximo nos fizesse.” Tomando-a por guia, podemos estar certos de não nos afastar do reto caminho, daquele que conduz a Deus; quem quer que deseje, de maneira sincera e séria, trabalhar por sua própria melhoria, deve analisar a Caridade em seus mais minuciosos detalhes e por ela confrontar a sua conduta, pois ela se aplica a todas as circunstâncias da vida, pequenas ou grandes.

A Caridade é o sentimento que se aureola de sublimidade, por sintetizar a compaixão e o amor no seu mais elevado significado, sendo discreta e misericordiosa, rica de abnegação e de paz. Quem a oferece tem as mãos vestidas de bondade, o coração banhado de ternura e a mente dominada pelas luzes do bem que penetra e liberta todos quantos se encontrem escravos de qualquer situação penosa ou afligente. Ante a Caridade, a mente deixa de engendrar mecanismos desculpistas para não servir, abrindo-se para o conhecimento da verdade que já a ilumina, rompendo os grilhões da ignorância que a encarcerava. Em lugar das intempestivas mudanças de idéias, que se sucedem sem profundidade nem benefício emocional para o ser, surgem as paisagens de alegria e de bem-estar, as visões dos tesouros dantes não detectados.

            Por toda parte Ela foi acolhida como o símbolo da fraternidade universal, como penhor de segurança nas relações sociais, como a aurora de uma nova era, onde devem extinguir-se os ódios e as dissensões.

A Caridade é luz na estrada, abençoando as sombras e tornando-as claridade.

Caridade é fazer justiça, é corrigir o defeito, é animar o tímido, é proteger o ousado, é exalçar a verdade, é enobrecer o humilde, é semear a paz, é fazer o bem, é estabelecer a concórdia, é servir o amor, é esquecer agravos, é desculpar as faltas alheias, e é, acima de tudo, adorar a Deus.

A Caridade real é essa doação de algo pessoal e único que trazemos dentro de nós e que somente nós podemos oferecer. É o esforço de esquecimento do eu para louvar os outros. É a anulação do direito que nos compete para consagrar o direito de alguém. É o silêncio de nossa voz para que se faça ouvir uma voz mais frágil que a nossa. É a luta contra os incômodos pessoais para dilatar o bem-estar alheio. É a muda sufocação de toda a nossa tristeza para acentuar a alegria no coração de outrem.

A Caridade é ingrediente da paz, não apenas aliviando os sofredores ou soerguendo caídos, mas também frustrando crimes e arredando infortúnio.

Caridade é servir sem descanso, ainda mesmo quando a enfermidade sem importância te convoque ao repouso; é cooperar espontaneamente nas boas obras, sem aguardar o convite dos outros; é suportar sem revolta a bílis do companheiro; é auxiliar os parentes, sem reprovação; é rejubilar-se com a prosperidade do próximo; é não afligir quem nos acompanha; é ensurdecer-se para a difamação; é guardar o bom humor, cancelando a queixa de qualquer procedência; é respeitar cada pessoa e cada coisa, na posição que lhes é própria.

A Caridade é luz da Vida Superior, cujos raios reconstituem a saúde e a alegria da alma, na condição de terapia divina.

A Caridade não depende da bolsa, carteira ou bolso. É fonte nascida no coração; evidenciando o entendimento de Jesus com relação ao verdadeiro sentido da palavra Caridade: Benevolência para com todos, Indulgencia para com as imperfeições alheias, Perdão das ofensas. (LE – 886).

 Embora no Brasil, o dia 19 de julho tornou-se oficialmente o Dia da Caridade através da Lei nº 5.063, de 1966, por decreto do então presidente Humberto Castelo Branco, a mesma deve ser praticada todos os dias.

Portanto, nada além da VONTADE pode estabelecer limites à Caridade.