O MENSAGEIRO - 09 2023

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ORAR OU REZAR?

Nilza V. Mello

A prece é uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com outro ser, desencarnado ou com Deus.

O Evangelho nos esclarece que a prece deve ser feita em secreto (recolhimento), não deve ser longa. Não é pela multiplicidade de palavras que ela é ouvida. Deve ser feita com muita simplicidade e sinceridade.

Deve partir de um coração puro, humilde, que perdoa ofensores e pratica a caridade, além de ser feita com fé ardente.

Disse Jesus: “Quando vos apresentardes para orar, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, a fim de que vosso Pai, que está nos céus, perdoe também os vossos pecados. Se vós não perdoais, vosso Pai que está nos céus, não vos perdoará, também, os vossos pecados”(Marcos, 11: 25-26).

Para isso, temos que merecer. Deus sempre atende os nossos pedidos, mas é claro que esse atendimento só ocorre conforme a nossa real necessidade. Ele nos dá o que precisamos e, nem sempre, nos concede aquilo que queremos, porque nem sempre o que queremos é o melhor para nós.

Tudo que pedimos é submetido à vontade Dele. A Ele compete anuir ou não as nossas rogativas: não basta pedir, é necessário saber o que se pede.

Porém uma prece para ser eficaz exige algumas condições, além daquilo que já falamos. Ela precisa ser bem formulada para ser entendida: a prece não tem valor senão pelo pensamento ao qual se liga; é impossível ligar um pensamento ao que não se compreende e o que não se compreende não toca o coração. Por isso, o pensamento deve ser inteligível. No processo de comunicação, o emissor (a pessoa que ora) manda a mensagem (a prece) e o receptor (aquele que recebe a prece – Espíritos, Deus) precisa entender o que se quer, tem que decodificá-la. Deus, que lê o fundo dos corações, percebe os pensamentos e a sinceridade. Se o pedido do emissor estiver de acordo com a vontade Dele, a prece terá êxito.

Assim, somente a mensagem formulada com clareza é eficaz.

Sendo assim, seria interessante estabelecer a diferença entre rezar e orar.

“Rezar” é fazer uma oração já existente, repetindo uma prece pronta. Nem sempre colocamos sentimento naquilo que estamos repetindo e, de nada vale, também, a prece pronta ser repetida muitas vezes – a oração é sentimento.

“Orar” é invocação espontânea, improvisando as falas e é preciso estarmos ligados pelo pensamento àquilo que solicitamos.

Porém, se não quisermos fazer uma oração espontânea, podemos proferir a prece de “Pai Nosso” (oração dominical), que é o símbolo de todas as preces que Jesus nos deixou, e que os Espíritos a colocam em primeiro plano. “Ela pode substituir todas as outras; é o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra prima de sublimidade na sua simplicidade. Sob a mais restrita forma, resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo”.

Ao fazermos essa prece, procuremos entender e sentir cada ideia por ela emitida, a fim de que o nosso pedido, nosso agradecimento ou o nosso louvor a Deus sejam realmente recebidos pela Espiritualidade Maior.

“O que quer que seja que pedirdes na prece, crede que o obtereis e vos será concedido”.

BIBLIOGRAFIA

“O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Allan Kardec

 


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 Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho

Rubens de Araujo

 

            No livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, temos “a revelação da missão coletiva de um País” como define o Espirito Emmanuel, que o prefacia. Ditado em 1938 a Chico Xavier, nele o Espirito Humberto de Campos, analisa fatos da Historia do Brasil objetivando demonstrar a Missão Evangelizadora da Nação e o acompanhamento feito por Jesus do seu processo evolutivo. A partir de dados colhidos no Plano Espiritual, tece comentários sobre a Escravidão, os Movimentos Nativistas, a Independência, o Espiritismo e o Movimento Espirita no Brasil. Explica a missão da Pátria Brasileira como “Coração Espiritual da Terra”, evidenciada pela espontânea e enorme acolhida que a Doutrina Espirita, codificada por Allan Kardec, teve em nosso País, concitando o povo à prática do Evangelho de Jesus, a fim de irradiar à Humanidade a Paz e a Fraternidade.

É justamente a respeito destes objetivos, em destaques, destinados ao Brasil, que vamos nortear o presente artigo, fazendo referencia a dois expressivos trabalhadores da Seara Espirita nos campos da atividade mediúnica, assim como da assistência e promoção social e espiritual do ser humano, em nosso País, dos últimos tempos, sem esquecermos obviamente de tantos outros exemplos deste grande Celeiro de Nobres Almas que é o nosso Brasil,  que cumprem e cumpriram suas missões nas tarefas impessoais e previamente delineadas no plano espiritual; deixando ao Caro Leitor a sugestão da leitura da Obra ora citada, se ainda não o fez, justamente para não cometermos injustiça com todos outros Elementos da vanguarda cristã, a exemplo de Bezerra de Menezes, o grande discípulo do Espirito Ismael, que veio cumprir no Brasil elevada missão.

            Francisco Candido Xavier, “a maior antena mediúnica e paranormal de todos os tempos”, conforme o denominou Divaldo, espalhou através de centenas de livros psicografados, gerando milhões de exemplares em  vários idiomas, luz por séculos, iluminando consciências do mundo, desbravando o mundo espiritual. Depois de Kardec, Chico é a maior expressão doutrinaria que surgiu na Terra. Modelo exemplar de trabalho e humildade, porta-voz dos Espíritos por anos, exemplo de dignidade, abnegação, correção e disciplina.

 Chico é o homem-paz, o homem-amor, que continua vivo nos altos planos da vida e imortalizado nos feitos e exemplos que dignificam e honram, não só a Doutrina Espirita, mas o Cristianismo. Através de milhares de cartas psicografadas ajudou a cicatrizar enumeras chagas abertas nos corações aflitos, principalmente pela ausência momentânea de entes queridos que regressaram ao Mundo Espiritual.

Chico desencarnou aos 92 anos de idade, no dia 30/06/2002, no mesmo dia em que o Brasil estava em festa, pois comemorava-se a conquista da Copa do Mundo de futebol.

            Divaldo Pereira Franco, outro exemplo que continua a propagar o Evangelho pelo nosso País e pelo Mundo, que no dia 07 de setembro de 1947, portanto no mesmo dia em que o Brasil comemora a sua Independência, juntamente com Nilson Pereira e um grupo de entusiastas fundaram em Salvador (BA) o Centro Espirita Caminho da Redenção.

 Posteriormente, em 1952 edificou a Mansão do Caminho, Instituição que hoje é um admirável complexo sócio educacional com 83.000 m2 e dezenas de edificações que atende a milhares de crianças e jovens de famílias de baixa renda, em um dos bairros mais carentes de Salvador. Milhares de crianças passaram, até hoje, pelos vários cursos e oficinas da Mansão do Caminho. Verdadeiro modelo de Instituição Espirita, inscreve-se entre as de maior volume de atendimento no País.

            A vida de Divaldo tem sido de trabalho, renuncia, amor e dedicação ao próximo, tem deslumbrado o mundo com suas mensagens arrastando multidões para ouvi-lo. Seu verbo inflamado pelo calor da inspiração mediúnica sensibiliza as pessoas e as leva a amar Jesus. Ao longo de sua incansável trajetória como divulgador da Doutrina Espirita realizou milhares de conferencias no Brasil e em dezenas de países pelo Orbe.

            Através de centenas de obras psicografadas, concebendo milhões de exemplares, das quais várias foram traduzidas para outros idiomas, tem sido um Semeador de Estrelas, um Peregrino do Senhor; evangelizando almas e iluminando consciências.

            Chico e Divaldo que receberam a oportunidade de facultar ao mundo inteiro uma expressão consoladora de crença e de fé raciocinada representam aqui a coletividade Espirita em nosso País, que no dia a dia constroem e solidificam o Evangelho de Jesus, nas diversas Instituições Espiritas espalhadas por toda a Pátria do Evangelho, com a coordenação Espiritual de Ismael, que recebeu de Jesus a elevada missão de ser o zelador dos patrimônios imortais que constituem a terra do Cruzeiro.


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 A-PORTA-ESTREITA

  

A PORTA ESTREITA

“Entrai pela porta estreita, porque a porta da perdição é larga, e o caminho que ela conduz é espaçoso, e há muitos que por ela entram.

Como a porta a vida é pequena!

Como o caminho que a ela conduz é estreito e como há poucos que a encontram.” (São Mateus Cap. VII v. 13 e 14) e o Cap. XVIII Evangelho Segundo o Espiritismo.

Trazendo para a atualidade do paragrafo acima nos faz refletir o quanto nos deixamos adentrar pela porta larga.

Quanto é prazeroso as redes sociais e o tempo que gastamos olhando muita coisa que não nos acrescenta nada.

Desperdiçamos tempo em busca de quimeras e nos distraímos com o brilho do materialismo, esquecendo  que viemos fazer aqui.

Aprender a fazer a caridade nas suas mais sublimes nuance é buscar a porta estreita.

A caridade material é a mais fácil, dispor do seu tempo para organizar e levar aquilo que verdadeiramente precisam, a porta começa diminuir de tamanho.

A caridade moral, e não anotar os erros dos outros e não criticar, a porta está reduzida mais que a metade.

Mas porta estreita,  é mais ainda pequena é perdoar e se perdoar, é buscar fazer todo bem que está a seu alcance e disponibilizar seu tempo, seu recurso, seu conhecimento para despertar  almas, que só há um caminho para preencher o vazio existencial que tantos estão vivendo.

É se sentir útil e produtivo, fazendo parte desse coletivo, mas sem tombar, nas distrações e valores equivocados, oferecendo os seus melhores aqueles que querem novos caminhos, novos valores, novas esperanças.

Somos nós espiritas, que temos esse compromisso com irmãos distraídos pela porta larga, e despertar os corações, pela caridade nas suas multiformas de trazer o valor e a razão da vida.

Aprendendo e ensinando que tudo que valorizamos materialmente, aqui fica.

Carregamos nosso saber e nossos hábitos, bons ou maus, mas a chave para a porta estreita ou a senha para a entrada dessa porta é a caridade.

Lea C. Micelli

Diretora do Departamento de Assistência e Promoção Social da USE Intermunicipal de Araraquara

 

 

 


 

  

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  PAULO DE TARSO E O CONCEITO DE LIBERDADE

Arlett R. C. Matheus

                                                                                                                    

Setembro é um mês que nos remete ao tema Liberdade.

No Brasil, em especial, nos lembramos da importância da Independência política a que teve acesso  nosso país. Não é uma data pura e simplesmente que determina o alcance da liberdade, é todo um processo que se instala  desde o momento em que ela é declarada em se tratando  de uma comunidade ou de um esforço consciente e constante quando se refere a própria vida.

Quando o propósito é  manter-se livre, o trabalho se inicia na conscientização do verdadeiro sentido de liberdade e como ela  diz respeito a nós e ao outro. Entender liberdade como um sistema  de relacionamento em que predomina o respeito ao direito próprio e alheio.

Paulo de Tarso expos de maneira magistral o que é Liberdade. 

Em  Coríntios  6:12, alerta:- “Todas as coisas me são permitidas, mas nem todas são saudáveis. Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convém...”  

Ao assim  expressa-se, o renascido em Damasco, nos alerta para a relatividade da Liberdade, esse bem maravilhoso que muitos interpretam de maneira errônea, complicando-se perante a vida.

Muitas atitudes vistas como libertarias, aprisionam o ser humano e resultam destruidoras da dignidade e do respeito próprio e, muitas vezes, da própria saúde.

Na busca de posição e vantagens pessoais há situações em que o direito do outro é lesado usando-se dispositivos da própria lei, que legaliza o ato ilegal.

Nosso direito termina onde começa o direito do outro é a realidade que precisa sempre estar presente em todos os nossos comportamentos. Tudo o que fazemos    gera  consequências e, conforme a consequência gerada, limitada se torna a tão sonhada liberdade.

Quanto mais esclarecido o homem, maior consciência, maior   habilidade tem ele para usufruir da liberdade, melhores são suas escolhas, posturas e decisões.

O ignorante espiritual confunde liberdade com permissividade e se compromete com desvios do comportamento saudável. Ignora que ao viver em  sociedade  não desfruta de uma liberdade  absoluta.  Ignora o compromisso e a necessidade de respeitar o espaço e os direitos dos outros para que a vida decorra sem complicações.

Na vida de relacionamento é preciso esquecer o “eu” e ficar com o “nós”.   Vivemos em regime de deveres, mas o orgulho e o egoísmo, ainda muito presentes, muitas vezes  nos impedem de analisar nossas atitudes e evitar o desrespeito com o companheiro de caminhada.

Lázaro, em comunicação na Paris de 1863, que lemos no cap. XVII de O Evangelho Segundo O Espiritismo, pergunta:

-Como precisar o dever? Onde começa ele? Onde se detém?

É o próprio Lázaro quem nos esclarece:

“O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo; termina no limite que não gostaríeis de ver ultrapassado em relação a vós mesmos”

Bem claras as palavras de Lázaro, deveriam bastar para nos orientar, mas  é comum ao homem cometer equívocos que podem causar sofrimentos próprios e a outrem.

Mesmo aqueles que são  conscientes de que se deve respeitar o direito do próximo, acabam resvalando no próprio ego que conduz a uma supervalorização pessoal  gerando a necessidade de ser ouvido e obedecido pelo outro, atendido e  valorizado;  quando isso não acontece sobrevém as discussões, as mágoas, as inimizades, tão presentes no cenário atual.

Críticas construtivas, mesmo quando revestidas de  respeito e delicadeza, são repelidas com atitudes grosseiras, pois é recorrente  que não  enxerguemos  a próprias  falhas, só as dos outros. Ainda estamos envolvidos em mudar o outro e não reconhecemos que em nós precisamos proceder mudanças.  

Jesus é nosso modelo e guia, queremos em verdade seguir os seus exemplos,  mas não aceitando  que nos contrariem ou discordem de nossos pensamentos, estaremos   ameaçando  a felicidade e tranquilidade do nosso próximo, como disse Lázaro.

Se queremos realmente a mudança interior, se reconhecemos que ainda estamos valorizando mais nossos direitos, nossa liberdade, sem o mesmo empenho com o direito e a liberdade do outro, nos empenhemos na tarefa com a consciência de que o trabalho é árduo, envolve que vigiemos as próprias atitudes, demanda renúncia e sacrifício.

Para maior segurança, adotemos o hábito de nos interrogarmos:

 - O que estou fazendo ou dizendo fere a liberdade da pessoa a quem me dirijo? Gostaria que ele agisse assim comigo?

Com esse propósito estaremos aplicando a máxima do Cristo:“Façais ao outro o que quereríeis que vos fizessem” e nos envolveremos mais com acertos do que com erros.

 

  


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